No primeiro relato da criação do ser humano[1] (Gn 1:26), D´ cria homem e mulher[2] (Gn 1:27), abençoando-os e os incubindo de igual maneira a povoar e dominar a terra, não havendo aí indicação alguma de diferença de status entre os dois.
Semelhantemente, o segundo relato da criação do ser humano (Gn 2), que é mais detalhado, após formar o homem a partir da argila do solo[3],forma a mulher a partir de uma das costelas do homem[4] (Gn 2:21). Este termo empregado para designar o lado do homem, parece ser empregado para descrever a profunda proximidade entre o homem e a mulher ao estarem em pé de igualdade perante D´, já que o homem se refere à mulher recém-criada como “osso de meus ossos e carne de minha carne”[5] (Gn 2:23). Este trecho também comunica um relacionamento próximo e íntimo que o homem não poderia encontrar longe de alguém que compartilhava de sua condição e natureza, já que D´ reflete no texto o desejo de prover o homem de uma companheira que seria sua consorte intelectual e física.
Além disso é importante ressaltar que o texto não trata a mulher como uma mera extensão do homem, mas possuidora em si mesma de uma individualidade única, não havendo indicação de que seja inferior. Por outro lado, visto que seu corpo foi feito a partir do homem, existe uma continuidade entre os dois de forma que a realização completa se dará somente no relacionamento profundo entre os dois, ou seja, na união que remonta à criação dos dois, quando se tornam novamente uma só carne[6] (Gn 2:24).
É importante notar como o status do homem e da mulher parece ser de certa forma alterado após o advento do pecado, analisando em Gn 3:16, onde D´ assim descreve a conseqüência do pecado a ser cumprida pela mulher “teu desejo te impelirá ao teu marido e ele te dominará”[7]. Isso parece reafirmar que no momento da criação, a condição ou o estado da mulher é equivalente ao do homem.
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